Gravura

Litografia

14/07/1887

MRBP.GRA.3206

Altura: 327,00 mm

Largura: 452,00 mm

Página dupla dos "Pontos nos ii" de 14/7/1887. Talvez inspirado na recente inauguração do Jardim Zoológico de Lisboa, Bordalo encerra as duas grandes famílias políticas e as famílias financeiras, cada uma delas numa jaula de feras, a qual funciona simultaneamente como isolamento para alienados e como forma de retirar do convívio social uma colecção de "animais perigosos". Considerando que há doidos inteligentes e inteligentes doidos, e que a fúria dos seus ataques deve ser aquilatada pelo respectivo grau de esperteza, Bordalo propõe que a classe política e a oligarquia financeira devem ser sequestradas à sociedade, metendo-as em jaulas para vista e deleite do público, e ostentando o aviso "cautela com estes animais". As jaulas, em número de quatro, são destinadas sucessivamente aos progressistas, aos regeneradores, aos grandes financeiros (Burnay e marquês da Foz) e, finalmente, uma única é destinada em exclusivo ao mais excêntrico, o marquês de Valada. Quanto aos políticos, distinguem-se, entre outros, Mariano de Carvalho, o rei D. Luís, Barros Gomes, Veiga Beirão, José Luciano de Castro, António Serpa, Barjona de Freitas, Tomás Ribeiro, Hintze Ribeiro, além do já referido Valada. Zé Povinho, aparentemente satisfeito, contempla o anormal mostruário.