Gravura

Litografia colorida

01/05/1901

MRBP.GRA.3087

Altura: 475,00 mm

Largura: 326,00 mm

Folha dupla (4 pp. frente e verso) de "A Paródia" de 1 de Maio de 1901. Na frente, ocupando duas páginas, sob o título "Confiteor", uma jovem, com expressão de profundo desalento, é identificada como a figura da Liberdade humilhada. Prostrada, ajoelha frente a um confessionário, no interior do qual se encontra o confessor, que apresenta as feições tenebrosas do cardeal Neto, patriarca de Lisboa. A composição constitui um violento libelo acusatório anticlerical, identificando o clero como uma ameaça ou um inimigo da liberdade. Mais concretamente, refere-se à promulgação, em 18 de Abril de 1901, de um decreto regulamentador da questão dos institutos religiosos, dispondo sobre as condições da sua existência, finalidade e estatuto jurídico. As ordens e associações religiosas procuraram, de um modo geral, constituir ou reformar os seus estatutos, por forma a satisfazerem de modo expedito os requisitos exigidos para o exercício. No entanto, o governo de Hintze Ribeiro foi acerbamente contestado (especialmente pelos republicanos e pela maçonaria, que reclamavam a reposição das leis de Pombal e de Joaquim António de Aguiar), por abrir implicitamente as portas ao regresso de todas as ordens religiosas quando declarassem pretender dedicar-se à instrução, à beneficência ou à propagação da fé no ultramar, em subserviência aos interesses de Roma, o que de facto em boa parte sucedeu. No verso, à esquerda, (p.142), diversas vinhetas ilustrando textos avulsos, de entre as quais se destacam caricaturas do cardeal Neto, de Hintze Ribeiro, de Campos Henriques (ministro da Justiça) e de João Franco. Ainda no verso, à direita (p. 139), pequenas ilustrações avulsas de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, com destaque para uma caricatura do escritor teatral Eduardo Garrido sendo conduzido ao Governo Civil por um agente policial. Idêntica a MRBP.GRA.3070.