Gravura

Litografia

03/11/1881

MRBP.GRA.2835

Altura: 326,00 mm

Largura: 460,00 mm

Folha dupla (4pp) de "O António Maria" de 3/11/1881. Na frente, à esquerda, sob o título "As cerimónias da semana", e atendendo à quadra religiosa, Bordalo faz humor em torno do dia de todos os santos e do dia de finados (1 e 2 de Novembro, respectivamente). De um lado, caricatura de Fontes Pereira de Melo erguido sobre uma pedra de altar, enquanto a sua figura se desmultiplica num jogo de espelhos, representando cada um deles um ministério. Trata-se de uma alusão ao seu papel de "eminência parda" do novo governo de Rodrigues Sampaio, papel que Fontes de facto continuava a desempenhar, como eterno "dono da locanda". Do outro lado da composição, um ajuntamento de esqueletos, os "fiéis defuntos", com crânios caricaturando figuras proeminentes da anterior situação governamental, até aí dominada pelo Partido Progressista. Entre outros, destacam-se Anselmo José Braamcamp, Mariano de Carvalho, José Luciano de Castro, Barros Gomes, Adriano Machado, visconde de S. Januário, ou o prior da Lapa (Custódio Borges de Carvalho). Na página da direita, retrato realista da actriz Virgínia, rodeada por personagens e intérpretes da peça de teatro "A Princesa de Bagdad", de Alexandre Dumas (filho), em que a actriz é protagonista. No verso, na página da esquerda, homenagem de Bordalo (que se auto-retrata em saudação) ao novo periódico republicano do Porto "Folha Nova", dirigido por Emídio de Oliveira, que é retratado; artigo sobre a absolvição do periódico "O Mandarim", levado a tribunal pelo conselheiro Arrobas, governador civil de Lisboa, registando-se caricatura do próprio dirigindo-se ao juíz, visconde do Rio Sado, queixando-se das custas do processo. Ainda no verso, na página da direita, sob o título "As eleições municipais", observa-se o conselheiro Arrobas ensebando a engrenagem eleitoral; Zé Povinho-eleitor deitado a dormir, indiferente; e Rosa Araújo sendo fotografado em triplicado num único cliché, em alusão a um pretenso movimento em torno das eleições municipais de Lisboa, que afinal nada mais exprime que a vitória antecipada do edil. De facto, Rosa Araújo será eleito mais uma vez para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa; foi presidente da C.M.L., sucessivamente, entre 1879 e 1885.