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Classificações:
Título:
Na masmorra
Designações:
Litografia
Cronologia:
07/07/1881
Nº inventário:
MRBP.GRA.2859
Medidas:
Altura: 319,00 mm

Largura: 470,00 mm

Descrição:
Folha dupla (4 pp.) de "O António Maria" de 7/7/1881. Na frente, à direita, sob o título "A masmorra", caricatura do poeta Gomes Leal, encerrado numa masmorra infecta e agrilhoado, na sequência da publicação do seu poema-panfleto "A Traição". Através das grades é acicatado pelo governador civil de Lisboa, conselheiro Arrobas, e pelo marquês de Valada, do qual só se distingue a mão característica . Na pag. da esquerda, sob o título "Venha de lá esse fel !", composição satírica, "aos quadradinhos", em que, prevendo represálias policiais sobre si próprio e sobre "O António Maria", Bordalo formula votos no sentido de que a sua prisão observe os mais duros requisitos da condição prisional; em compensação, solicita algumas formas de entretenimento que aliviem as suas provações: uma aranha para amestrar (e é o marquês de Valada); um dos "sete instrumentos" do Sr. Fontes, que é figurado como uma cobra em posição de encantamento perante a música tocada pelo prisioneiro; e, por último. um exemplar da tradução do "Hamlet" pelo rei D. Luís, para o levar a pensar que Shakespeare terá sofrido muito mais que ele próprio sob a pena do tradutor. Rodrigues Sampaio segue de perto a leitura do prisioneiro, enquanto D. Luís perfura com a sua pena o peito do dramaturgo. Registam-se ainda outros quadros humorísticos nesta composição: Bordalo de joelhos e mãos postas, rojando-se aos pés de Rodrigues Sampaio, que cavalga o esqueleto do seu antigo periódico panfletário "O Espectro", enquanto amarfanha com ambas as mãos molhos de jornais; Bordalo pontapeado por Arrobas e zurzido pelo sabre da guarda municipal; Bordalo deitado no chão da masmorra sobre um molho de palha e tendo um pedregulho como cabeceira; servindo-se de um pão negro e roído de bicheza, ou atacado por um gigantesco percevejo. No verso, à direita, sob o título "A hidra a ferros d´el-rei", gravura remetendo igualmente para o cerceamento da liberdade de expressão e o agitar do fantasma da "hidra revolucionária" e republicana por parte do poder. Fontes Pereira de Melo (o "poder oculto") está de pé sobre uma caleche, exibindo perante o rei D. Luís um Gomes Leal miniaturizado, que o político arrancou como se fora um dente da boca de uma enorme "hidra da revolução"; os restantes dentes do monstro são figurinhas de políticos republicanos. Sampaio segura a coroa denteada de Fontes, e o conselheiro Arrobas controla a situação. Recuados, observando a cena, os ministros Barros e Sá, Júlio de Vilhena e Hintze Ribeiro.

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Museu Bordalo Pinheiro 2021
in web Acesso online à coleção Sistemas do Futuro