Gravura

Litografia colorida

07/04/1881

MRBP.GRA.2787

Largura: 470,00 mm

Altura: 325,00 mm

Folha dupla (4 páginas) de "O António Maria", 7/4/1881. Na frente, ocupando duas páginas policromadas, sob o título "A situação", Rodrigues Sampaio apresenta-se perante D. Luís e o embaixador inglês Morier (ambos na cadeira do trono) com o seu novo governo, empossado em 25 de Março de 1881 (distinguem-se Barros e Sá, Júlio de Vilhena, Hintze Ribeiro, Lopo Vaz de Sampaio e Melo e o coronel Sanches de Castro, ministro da Guerra). O séquito cavalga uma terceira albarda (a dos sampadóceos) sobre as costas do Zé Povinho, prostrado a quatro patas. É uma nova albarda, sobre a albarda dos regeneradores e a albarda da Granja, que o pobre já suporta. Por detrás de Sampaio, Fontes Pereira de Melo, a "eminência parda", segura o governo dos "sampadóceos". Agarrados às suas pernas vêem-se, pendurados na albarda da regeneração ("Mais uma, real senhor !"), Barjona de Freitas, António Serpa e Andrade Corvo, reservas para uma próxima equipa ministerial. Trata-se de uma alusão à tomada de posse do novo governo, no fundo controlado por Fontes, e à subserviência governamental perante a Inglaterra, na sequência do tratado de Lourenço Marques, tão criticado. No verso, página da esquerda, sob o título "O nariz de Mademoiselle Borgui-Mamo", série de registos humorísticos da cantora lírica Borghi-Mamo, aludindo ao seu nariz avantajado. Na página da direita, sob o título "Nos Teatros", crónica teatral ilustrada, com alusão a desacatos do público no Teatro do Ginásio, perante a proibição da execução da "Marselhesa" em público; referência caricatural à apresentação, pelo ministro Júlio de Vilhena, de um programa de administração colonial, na Sociedade de Geografia. Nesta mesma página, no canto superior esquerdo, caricaturas de José Carlos de Freitas Jácome e do conde de Mesquitela, melómanos e amigos do Teatro de S. Carlos, a propósito da "estação morta" que para os dois se abria com o fecho da temporada de ópera.